Memorial Cuca Jangurussu
Pessoalmente, a visita ao Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cuca), equipamento da Prefeitura de Fortaleza voltado às políticas de Juventude na cidade, foi mais uma atualização de como estão essas políticas do que de desbravamento, pois acompanhei o processo de desenvolvimento do projeto durante algum tempo, durante a gestão da prefeita Luizianne Lins que em seu governo instituiu uma política voltada para as várias juventudes constituídas no município. Inclusive, estive presente na inauguração do primeiro equipamento no ano de 2009 na Barra do Ceará denominado Cuca Che Guevara que contou com a presença do presidente Lula.
Com a juventude como uma das prioridades da gestão de Luizianne Lins, foi criada a Coordenadoria de Políticas Especiais de Juventude, um dos poucos órgãos de gestão pública voltando para este seguimento existente no Brasil. Com a missão de gerir as políticas voltadas para as juventudes de Fortaleza, principalmente a de bairros periféricos e também a implantação do Fundo Municipal de Juventude, instituído por lei municipal, do qual fiz parte da composição da primeira equipe como tesoureiro, o Fundo tem como função a arrecadação de receitas e destinação dos recursos do município para as políticas municipais de juventude dentre elas o CUCA.
Havia a previsão inicial de cinco destes equipamentos, um para cada Regional (SER) que vem a ser a denominação das cinco divisões administrativas da gestão da cidade.
Havia a previsão inicial de cinco destes equipamentos, um para cada Regional (SER) que vem a ser a denominação das cinco divisões administrativas da gestão da cidade.
O Cuca tem por objetivo acolher e integrar as Juventudes em situação de vulnerabilidade social, logo, as unidades existentes estão inseridas em áreas estratégicas da cidade, isso se dá com a oferta de cursos nos mais variados campos de formação. O que é mais interessante é que essa profissionalização, não é com profissões precarizadas ou serviçais, mas com funções um pouco mais protagonistas, pois, os cursos antes oferecidos para este seguimento da juventude da periferia no geral, eram sempre de funções servis como por exemplo: garçom, carpinteiro, zelador, cozinheiros, porteiro e afins, mas sim de uma formação voltada à despertar nestes jovens o protagonismo e a autoestima, tais como: DJ’S, Músicos, Fotógrafos, Editores de Vídeo, Cinegrafistas, Coreógrafos e etc. O mais interessante da proposta, é que além da formação do profissional para o mercado de trabalho, haja também a formação do cidadão, pois os cursos instigam os jovens a trabalharem dentro de sua realidade e mostrando o seu lugar, o seu bairro, a sua rua e a sua situação social por muitas vezes fazendo levando-o a fazer a reflexão e o questionando de todo o contexto que o cerca. Como proposto outrora por Paulo Freire em que convidava para o estímu-lo dos docentes à discutirem com seus alunos o contextos social no qual estes elementos estavam inseridos.
Muitos exemplos de iniciativas de educomunicação nós foram apresentadas pelos monitores do Cuca Jangurussu, dentre elas o projetos na área da comunicação que é destaque em vários projetos da Rede Cuca e possibilitam o acesso a um novo mundo à essa juventude, exemplos são o Repórter Cuca, Conexões Periféricas, Espaço Juventude entre outros. O Conexões Periféricas é um programa de TV totalmente produzido pelos jovens atendidos pelo Cuca, projeto voltado para o audiovisual e comunicação que acontece em parceria com a TV Ceará - TVC, emissora estatal do Ceará, que trás na prática todo esse contexto de mostrando tanto a periferia no qual estes jovens habitam como também discutir questões que trazem mazelas e estigmas para essa juventude das periferias como as drogas, DST’s e questões de gênero e sexualidade, questões que sabemos serem muitas vezes tabu na escola convencional e que faz do Cuca uma extensão ou complemento desta escola, suprindo certas carências que embora demandas não são atendidas no ensino convencional.
O que mais chama a atenção na proposta revolucionária do Cuca é a de não ser como os projetos e cursos convencionais que apenas funcionam em horários comercias, o Cuca atende a jovens em horários não convencionais, como até às 22h e finais de semana, essa estratégia se dá para que o jovem possa se sentir acolhido pelo Cuca justamente em horários que se encontra em maior ociosidade e vulnerabilidade social.
As experiências Educomunicativas com o objetivo de inserir valores como a cidadania na formação de jovens comunicadores, que a eles possibilitam experiências positivas e despertam a criticidade. Além de atenderem por meio de projetos, há ainda na Rede Cuca, ações afirmativas de direitos humanos e cidadania e um ambiente onde o foco é o protagonismo juvenil.
Tenho a grande frustração que apesar de conhecer essas iniciativas do Cuca não ter desfrutado e participado como jovem atendido.
Por fim, se faz bastante importante a política pública de juventude na cidade de Fortaleza ainda mais com os números alarmantes de dados sobre a violência e extermínio da juventude negra que se encontra justamente nessas áreas de atuação do Cuca, como o próprio bairro do Jangurussu onde está situado o Equipamento visitado.
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