Síntese dos textos Aula 02

Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.



É bastante motivador os conceitos de formação de docentes proposto em sua prática educativo-progressiva em favor da autonomia do ser dos educandos por Paulo Freire em seu livro intitulado Pedagogia da Autonomia nos fala a respeito da preocupação com a formação de novos docentes para um novo modelo de preparação de discentes para o questionamento e o senso de criticidade com o conteúdo que lhe é oferecido e que também possam questionar o contexto social e político a sua volta no intuito de mudar tal realidade.
Freire fazia uma crítica pesada ao sistema que estabelecia um modelo de ensino segundo ele bastante ultrapassado, que se baseava em um modelo em que o aluno recebia o conteúdo do professor apenas para decorá-lo como se uma máquina fosse, apenas como se fosse um depósito, modelo este que ele chamou de Bancário. De fato, é extremamente desanimador ter vivido neste contexto que embora já estejamos há algumas décadas desta publicação ainda podemos presenciar este modelo em muitas escolas, com situação mais desanimadora ainda nas que se encontram distantes dos grandes centros urbanos do Brasil a fora ou até mesmo nas periferias das grandes cidades.     
Freire esperava que os novos docentes não preparassem apenas observadores imparciais que em nada tinham a questionar e apenas absorviam o conteúdo que era destinado seus aos discentes. Não era apenas treinar educandos, mas fazer despertar neles o instigamento pelo conhecimento, Freire era altruísta e buscava ver o mundo na visão daqueles que viviam as mazelas de um país que se encontrava em um contexto de extrema pobreza e com excesso de problemas sociais. Ele tinha uma preocupação especial com os menos favorecidos da sociedade e que se encontravam desassistidos pelo poder público, ora por falta de recursos, ora por omissão. Era nesse contexto social da época da publicação de seu livro, mas que embora possa ter ocorrido alguns avanços nos dias de hoje, não deixa de ser contemporâneo aos dias de hoje.
Ele pregava também que o docente deveria ter a preocupação ética e que o professor deve ter com seus educandos na busca de mudança daquela realidade que eles estavam inseridos e que deveriam  levar esperança e otimismo. Inconformado com as falácias do discurso neoliberal que com ares de pós-modernidade, insistia em convencer a todos de que aquela realidade era social, histórica e cultural, passava a ser ou a virar “quase natural”, e que tinha um discurso de desapego com o social em que viviam a maioria dos discentes do sistema de ensino público.
Freire chamava a atenção de que não haveria docência sem discência e deixava claro que, embora fosse de seu interesse central considerar os saberes indispensáveis à prática docente de educadoras ou educadores críticos, progressistas, alguns deles são igualmente necessários a educadores conservadores. São saberes demandados pela prática educativa em si mesma, qualquer que venha a ser a opção política do educador ou educadora. ele buscava o conciliar educadores que mesmo que possuíssem ideologias diferentes, progressistas ou conservadores mas sempre buscassem em seus alunos que buscassem o desenvolvimento da criticidade. Dizia que a reflexão crítica sobre a prática se tornaria uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blablablá e a prática, ativismo.
Ensinar não é apenas transmitir o conhecimento, mas criar os caminhos para a sua produção de conhecimento.
Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina ensina alguma coisa a alguém. foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos tempos mulheres e homens perceberam que era possível – depois, preciso – trabalhar maneiras, caminhos, métodos de ensinar. Aprender precedeu ensinar ou, em outras palavras, ensinar se diluía na experiência realmente fundante de aprender. (Freire 1996).
Freire acreditava que não há eficácia no ensino em que o aluno não é capaz de recriar ou de refazer o que lhe foi ensinado, É necessário despertar no aluno a curiosidade crescente, que o torne um criador.
O necessário é que, subordinado, embora, à prática “bancária”, o educando mantenha vivo em si o gosto da rebeldia que, aguçando sua curiosidade e estimulando sua capacidade de arriscar-se, de aventurar-se, de certa forma o “imuniza” contra o poder apassivador do "bancarismo" (Freire 1996).
Ensinar exige rigorosidade metódica, o educador democrático não pode abster-se da missão de reforçar a capacidade crítica do aluno, de despertar sua curiosidade. E esta rigorosidade metódica não tem nada que ver com o discurso “bancário” meramente transferidor do perfil do objeto ou do conteúdo.
O aprendizado crítico faz parte das condições em que aprender criticamente é possível a pressuposição por parte dos educandos de que o educador já teve ou continua tendo experiência da produção de certos saberes e que estes não podem a eles, os educandos, ser simplesmente transferidos.
Percebemos então a importância do papel do educador, de que  faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos mas também ensinar a pensar certo.
De que vale um intelectual memorizador, que lê por muitas horas, domesticando como se um asno fosse, ler certo texto sobre as mazelas que o cerca diante de sua cidade ou país e é incapaz de opinar e refletir sobre aquela realidade a sua volta.
Ensinar exige respeito aos saberes dos educando, Freire fala a respeito  do “pensar certo” que coloca ao professor ou, mais amplamente, à escola, o dever de não só respeitar os saberes de seus alunos, sobretudo os da classes mais populares, saberes socialmente construídos na prática comunitária e discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos, de que se deve aproveitar as experiências de vida que os alunos têm de viver em áreas das periferias das cidades que são desassistidos pelo poder público e discutir, a falta de saneamento básico, sobre qual o motivos desses alunos estarem inseridos naquela região da cidade, por exemplo.  Para os mais conservadores essas indagações podem até soarem subversivas, mas deve ser que tem que causar inquietação mesmo, para busca de mudanças dessas realidades de vida deste educando.
A experiência político-pedagógica, exige rebeldia diante da violência das injustiças. É necessário que o docente promova no aluno a ascensão da ingenuidade à criticidade que não pode ou não deve ser feita distante de uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética.
Não é possível ao professor pensar que pensa certo mas ao mesmo tempo perguntar ao aluno se “sabe com quem está falando”. É necessário no professor a humildade de saber que nem sempre estará certo diante de situações de questionamento diante de seus alunos e não impor que ele é a verdade absoluta, pois, Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação, É próprio do pensar certo a disponibilidade ao risco, a aceitação do novo que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, assim como o critério de recusa ao velho não é apenas o cronológico. O velho que preserva sua validade ou que encarna uma tradição ou marca uma presença no tempo continua novo.
A tarefa coerente do educador que pensa certo é, exercendo como ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica e a quem comunica, produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado.
Um fator que é destacado é o  elemento emocional do docente, de que deve saber que ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural. O professor deve proporcionar que o aluno pode e deve assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva e porque capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se como objeto transformador.
A questão da identidade cultural, de que fazem parte a dimensão individual e a de classe dos educandos cujo respeito é absolutamente fundamental na prática educativa progressista, é problema que não pode ser desprezado. Tem que ver diretamente com a assunção de nós por nós mesmos. É isto que o puro treinamento do professor não faz, perdendo-se e perdendo-o na estreita e pragmática visão do processo.
A aprendizagem da assunção do sujeito é incompatível com o treinamento pragmático ou com o elitismo autoritário dos que se pensam donos da verdade e do saber articulado.
Nenhuma formação docente verdadeira deve ser alheia, de um lado, do exercício da criticidade que implica a promoção da curiosidade ingênua à curiosidade.
O educador reacionariamente pragmático (Até por ter nascido e crescido em um contexto social bem melhor que seus alunos) e de certas correntes políticas da atualidade apregoam que a escola não tem nada que ver com isso. A escola não é partido, que a escola tem que ensinar os conteúdos, transferi-los aos alunos e que estes devem seguirem sozinhos em suas ideologias o que é de fato muito preocupante e vai na contramão de tudo que Freire busca passar neste texto.




Uma pedagogia da comunicação. Mário Kaplún.





O Texto de Mário Kaplún começa abordando a aplicação de oficinas que que traziam como temas A Comunicação e a Educação tratando de suas diferenças e trazendo a inserção dos recursos da comunicação na educação, de como está acontecendo está atualização da educação com a adesão recursos e como haverá de se atualizar no momento em possam surgir outros destes recursos.

Estamos na era da eletrônica atualização da educação com uso de equipamentos tecnológicas, como: Rádio, televisão, vídeo e computadores na época, introdução de vídeos na sala de aula, recursos de educação a distância. Mas também destaca as dificuldades técnicas e de recursos, destaca a precariedade e a confusão com os termos Educação e Comunicação que pode ser uma mesma coisa e que Educar é sempre comunicar e que toda educação é uma processo de comunicação.

Se o educador for um comunicador, os educandos o que são? Meros receptores? Eles não são também comunicadores? O que devemos entender por educação comunicativa?
Depois desta introdução somos apresentados ao pioneiro da educomunicação, Freinet, que introduziu a imprensa em sala de aula. Freinet foi um educador-comunicador da década de 1920. No ano de 1924, no Sul da França, em uma aldeia dos Alpes Marítimos, chamada Bar-Sur-Loup, o jovem professor de escola chamado Célestin Freinet, enfrenta um problema que para ele apresentava três arestas, que não se saberia dizer qual a mais afiada.

Ele estava convencido de que era preciso mudar o sistema educacional desde a raiz, pois era um modelo de ensino que era decorativo e mecânico, repressivo e divorciado da vida, que deixava os alunos em uma situação de passividade e as levava a fracassos. E a situação era agravada ainda mais por ter de ensinar turmas de vários níveis em um mesmo ambiente, para agravar ainda mais a situação, sua saúde era precária que se devia a um ferimento no pulmão que sofrera na primeira guerra mundial que lhe causava cansaço e não lhe permitia que falasse por muito tempo lhe causando falta de ar e lhe impedia a lecionar como os outros professores. E ele chegou a conclusão de que era necessário a implementação de novos métodos de ensino, pois seria demasiado penoso fazer os seus alunos copiarem lições e textos exaustivamente o que lhes causam aborrecimento e fazendo com que perdessem o total interesse no aprendizado.

Então Freinet buscava a todo custo maneiras para superar essas adversidades e despertar o interesse em seus alunos. Então descobriu os ideólogos da “escola ativa”, leu e pesquisou bastante sobre esses pedagogos e acabou investindo seus próprios recursos financeiros para ir a Genebra acompanhar um encontro de educadores, mas voltou a seu vilarejo decepcionado pois a tais inovadoras formas necessitavam de investimentos em equipamentos que eram bastante caros na época e portanto, estavam fora de cogitação pois para o seu contexto social era bastante proibitivo. Mas ele não desistiu e um certo dia leu o anúncio de uma imprensa manual que poderia inclusive ser manuseada por crianças e que era de baixo custo e resolveu aplicar seus escassos recursos neste equipamento e o colocou à disposição seus alunos e então implementou o jornal da escola que depois passou a ser eixo central da grade curricular na sua sala de aula, que se transformou em uma redação de jornal com oficinas de impressão e composição e abolindo o meio convencional de ensino, os alunos aprenderam a redigir textos para expressar o que era aprendido em “sala de aula”, aprendendo a estudar e a pesquisar de verdade e despertando neles o senso crítico. Logo após começaram a fazer as publicações e a compartilhar com colegas, parentes e vizinhos do vilarejo. 

Logo foi abolido o dever de casa e a nota do professor, foi despertado de forma natural a pesquisa e curiosidade pelo conhecimento, passaram então a despertar interesse pela imprensa profissional e analisar as notícias com mais senso crítico. Produção de conhecimento e memória coletiva do grupo. Logo outros professores quando souberam da experiência exitosa do professor Freinet, lhe requisitaram exemplares do jornal que eram produzidos por seus alunos e com a assessoria técnica de Freinet começaram a implementar o método em suas escolas e os jornalzinhos começaram a se espalhar pelas cidades do interior da França.   

Freinet percebia que seus alunos aprendiam bem e com entusiasmo mesmo sendo filhos de camponeses e operários e ao qual o sistema educacional os consideravam de segunda classe, e despertando neles consciência social, o que veio a causar de certa forma uma perseguição ao trabalho por ele desenvolvido, foi alvo de sanções e transferências constantes sem qualquer argumento pelos órgão que geriam a educação daquela localidade. Eles escreviam para serem lidos por gente de perto ou mesmo distantes.
Os desafios enfrentados por Freinet não são muitos diferentes em algumas regiões do mundo em que carecem de investimentos de recursos educacionais ou mesmo o contexto social econômico vivido em determinado cidade ou região.

As alunos da escola de Freinet iam para a rua para observar e pesquisar. a pedagogia freinetiana é claramente de auto aprendizagem, mas não a partir do esquema individualista, com a exemplo da educação a distância, mas sim em um contexto coletivo do processo educativo.
Para Freinet devia ser bastante motivante ver que ele pode gerar motivação naqueles em o próprio sistemas consideravam como os “perdidos”, ‘burrinhos” dentre outros adjetivos negativos. Neles Freinet buscou que descobrissem suas próprias potencialidades e instigando-lhes o conhecimento.
A experiência de Freinet é válida, pois os alunos: procuraram, experimentaram, discutiram e refletiram sobre os temas dos quais escreviam.
A proposta de Freinet de encarar o saber como forma de produto social, remete não só ao ato de compartilhá-lo e comunicá-lo, mas também ao processo de construção desses saberes e as fontes a partir dos quais foram construídos.







Aqui então algumas das parábolas extraídas do texto: Pedagogia do Bom Senso de Célestin Freinet que como toda boa parábola nos ensina através de pequenas histórias que nos fazem sentido, neste caso voltadas a interação aluno-professor:


Fazer brilhar o sol

Os aventureiros do Kon-Tiki
Os  alunos decoram a tabuada num mundo que será, amanhã, o da máquina de calcular. Eles se enervam com as aulas de caligrafia e amanhã a máquina de escrever proporcionará, até ao mais desajeitado, um êxito exemplar. Os aventureiros do Kon-Tiki, que, na era dos pesados barcos mecânicos, com suas próprias mãos de operários, aparelharam a sua caravela e se lançaram sozinhos no Pacífico misterioso, para refazer uma experiência, verificar uma hipótese e provar ao mundo que o homem não degenerou, são como que um símbolo dessa conversão.

E as crianças — diria o pastor — são como as ovelhas: querem subir sempre. Você só terá paz e certeza se souber ajudá-las, às vezes precedê-las na subida aos cumes, ou segui-las... Infelizes dos seres domesticados cedo demais, que perderam o sentido da subida e que, como velhos em fim de corrida, preferem, ao ar do espaço e ao azul do céu, a coleira da sujeição e a ração da renúncia! São bons todos os caminhos que levam para as alturas.



A história do cavalo que não está com sede Educadores, vocês estão numa encruzilhada. Não teimem numa "pedagogia do cavalo que não tem sede". Caminhem com empenho e sabedoria para a "pedagogia do cavalo que galopa para a luzerna e para o bebedouro".


Educadores, vocês estão numa encruzilhada. Não teimem numa "pedagogia do cavalo que não tem sede". Caminhem com empenho e sabedoria para a "pedagogia do cavalo que galopa para a luzerna e para o bebedouro".

O cavalo não está com sede: então troquem a água do tanque!


E, assim, o problema essencial da nossa educação não é de modo algum — como pretendem hoje nos fazer crer — o "conteúdo" do ensino, mas a preocupação essencial que devemos ter de fazer a criança sentir sede. Então a qualidade do conteúdo seria indiferente? Só é  indiferente para os alunos que, na escola antiga, foram treinados a beber, sem sede, qualquer bebida. Habituamos os nossos a considerar primeiro toda bebida como suspeita, a experimentá-la e a verificá-la, a elaborar eles mesmos o seu próprio juízo e a exigir, em todo lugar, uma verdade que não está nas palavras, mas na consciência de relações justas entre os fatos, os indivíduos e os elementos.

Não preparamos homens que aceitarão passivamente um conteúdo — ortodoxo ou não —, mas cidadãos que, amanhã, saberão enfrentar a vida com eficiência e heroísmo e poderão exigir que corra para dentro do tanque a água clara e pura da verdade.

Fazer a criança sentir sede

Não se obriga o cavalo que não está com sede a beber!
Se o aluno não tem sede de conhecimentos, nem qualquer apetite pelo trabalho que você lhe apresenta, também será trabalho perdido "enfiar-lhe" nos ouvidos às demonstrações mais eloquentes. Seria como falar com um surdo. Você pode elogiar, acariciar, prometer ou bater... o cavalo não está com sede! E cuidado: com essa insistência ou essa autoridade bruta, você corre o risco de suscitar nos alunos uma espécie de aversão fisiológica pelo alimento intelectual, e de bloquear, talvez para sempre, os caminhos reais que levam às profundidades fecundas do ser.

Provocar a sede, mesmo que por meios indiretos. Restabelecer os circuitos. Suscitar um apelo interior para o alimento desejado. Então, os olhos se animam, as bocas se abrem, os músculos se agitam. Há aspiração e não atonia ou repulsão. As aquisições fazem-se agora sem intervenção anormal da sua parte, num ritmo incomparável às normas clássicas da Escola.

É lamentável qualquer método que pretenda fazer beber o cavalo que não está com sede. É bom qualquer método que abra o apetite de saber e estimule a poderosa necessidade de trabalho.

Em primeiro lugar fazer jorrar a fonte


Os pedagogos são como aquelas crianças que se divertem construindo um poço no lugar que lhes parece mais fácil, por não haver rochas nem raízes emaranhadas e tenazes, podendo assim, mesmo com utensílios primitivos, cavar e remover a terra cúmplice.
Só depois, quando o poço já está construído, é que pensam em enchê-lo. Talvez encontrem tão pouca água, que ela chegará com muita dificuldade, com uma queda tão fraca e filetes tão lentos, que o menor capinzinho os desviará do caminho incerto.
Então bastará apresentar uma chama muito pequena, que a vida alimentará e ampliará, até inflamar o indivíduo inteiro. E essa chama devorará todos os materiais que se apresentarem, seja qual for a sua textura ou a ordem da sua aparição.

Voltar ao seu ritmo


Os pedagogos manejam a noção e a palavra "esforço" como os burriqueiros manejam o chicote para conduzir os animais para onde eles não querem ir, e para barrar a entrada dos caminhos que levam à luzerna reconfortante. Em toda vida normal e ativa há, certamente, o jogo ágil dos músculos, que é como o batimento regular do motor de volta ao seu ritmo; a concentração de espírito, que é como o jato sutil de combustível passando pelos injetores; e sobretudo esse impulso de vida, essa necessidade de crescer e de subir, que são como a centelha sem a qual o combustível mais rico e o pistão mais macio deixariam de ter vida.
Quantas pobres crianças, quantos adolescentes têm sido maltratados por uma falsa pedagogia do esforço que lhes fez perder o regime, que aqueceu e desconcertou os mecanismos, engripou os pistões e torceu as bielas, e andam a reboque, incapazes de subir a ladeira por si mesmos, porque já não brota a centelha salvadora!



Um nada que é tudo

Você já notou o lugar importante que ocupam as cores, os sons e os sonhos na linguagem e nos escritos das crianças? Tudo é luminoso, aéreo, livre e fresco como a água que corre. E quanto a nós apressamo-nos a erguer uma barreira, a apagar a luz, a ofuscar o esplendor das paisagens, a baixar obstinadamente para as pedras e a lama os olhos que teimavam em contemplar o espaço e o azul.

É provável que nos digam que não temos de formar sonhadores, mas homens práticos, capazes desde cedo de cavar a terra ou fixar uma cavilha; mas sabemos também que temos mais necessidade ainda de homens que saibam esquecer, à beira do caminho da vida, a maçã que tinham na mão, para partirem como pesquisadores desinteressados em busca do ideal.

A vida prepara-se pela vida


E o meu único talento de pedagogo é talvez ter conservado uma impressão tão total da juventude, que sinto e compreendo, como criança, as crianças que educo. Os problemas que estas colocam e que são enigma tão grave para os adultos, coloco-os ainda a mim mesmo com as nítidas recordações dos meus oito anos, e é como adulto-criança que descubro, através dos sistemas e métodos que tanto me fizeram sofrer, os erros de uma ciência que esqueceu e desconhece as suas origens.

Sejam humanos


Vocês, educadores, agem todos um pouco como alguns pais que, quanto mais terríveis foram quando crianças, mais ferozmente severos são com os filhos; ou como o adulto que caminha apressado, sem reparar na criança a seu lado que tem de dar três passos enquanto ele dá um.

Vocês reagem com a sua natureza de homens, as suas possibilidades e conhecimentos de adultos, como se as crianças que lhes foram confiadas também fossem adultas com iguais possibilidades.

Ponha-se no lugar dessa criança que você acaba de humilhar com uma nota baixa ou uma má classificação. Lembre-se do seu próprio orgulho quando você era dos primeiros, e de todos os maus sentimentos que o agitavam quando outros passavam na frente... Então você compreenderá e a classificação será suprimida.

"Se você não voltar a ser como uma criança..." não entrará no reino encantado da pedagogia... Em vez de procurar esquecer a infância, acostume-se a revivê-la; reviva-a com os alunos, procurando compreender as possíveis diferenças originadas pela diversidade de meios e pelo trágico dos acontecimentos que influenciam tão cruelmente a infância contemporânea. Compreenda que essas crianças são mais ou menos o que você era há uma geração. Você não era melhor do que elas, e elas não são piores do que você; portanto, se o meio escolar e social lhes fosse mais favorável, poderiam fazer melhor do que você, o que seria um êxito pedagógico e uma garantia de progresso.

Para isso, nenhuma técnica conseguirá prepará-lo melhor do que aquela que incita as crianças a se exprimirem pela palavra, pela escrita, pelo desenho e pela gravura. O jornal escolar contribuirá para a harmonização do meio, que permanece um fator decisivo da educação. O trabalho desejado, a que nos entregamos totalmente e que proporciona as alegrias mais exaltantes, fará o resto.


E o sol brilhará…


Em resumo os três textos abordam a questão do esforço que docente deve ter em gerar motivação e instigação do conhecimento, além de emissores ativos que ao mesmo tempo possam formar alunos receptores mais críticos que vem bem a calhar nos dias de hoje onde se vem ganhando o destaque e a disseminação do pós verdade pelas redes sociais virtuais em que os indivíduos são incapazes de discernir entre a notícia verdadeira ou falsa. 

Estas falsas notícias estão até mesmo derrubando e ajudando a eleger governos em países considerados evoluídos. Então, nesses tempos se faz mais que necessário o aluno desenvolver o senso de criticidade para sempre fazer esta crítica ao conteúdo por ele acesso. A Educomunicação e suas ferramentas são primordiais e cada vez mais relevante diante de toda esta conjuntura cenário.

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